miércoles, 28 de agosto de 2013

REPORTAJE: DIANA KRALL - EDP COOL JAZZ 2013

Publicado a July 25th, 2013 por Carlos Lopes


A noite não podia estar melhor para esta minha estreia enquanto repórter Altamont. O local que acolheu Diana Krall é imaculado, e merecia ser mais vezes usado para espetáculos de alto nível, como são sempre aqueles que a EDP Cool Jazz realiza em Oeiras, nos Jardins do Marquês de Pombal. Tudo perfeito, tudo sereno, apenas algum nervosismo por parte do escriba que vos endereça estas linhas. Muitas e muitas pessoas a assistir ao show, dando-nos a ilusão de que vivemos num país endinheirado e próspero…

Todos sabíamos que o âmago deste concerto de Diana Krall teria por base o seu mais recente disco Glad Rag Doll (2012), trabalho menos exuberante do que alguns outros da compositora canadense, sem luxos de orquestra, baseado na simplicidade da linguagem de canções melodiosas. E assim sendo, subitamente, o concerto começou e desde logo a atenção do público se focou no piano e na voz de Krall. Viesse ela vestida como aparece na capa do disco em destaque, e outros motivos de interesse seriam aqui amplamente evocados. Mas não, isso não aconteceu, e mesmo assim o público viu-se obrigado a render-se ao encanto peculiar da artista. Diana consegue criar muito bem aquela espécie de atmosfera bluesy tão inerente à sua música, e que sabe tão bem numa noite onde o calor se suportou mais agradavelmente assim.

O ambiente laid back sabe sempre melhor quando uma mulher nos canta ao ouvido (por vezes quase segredando) coisas sobre o amor, as suas inquietações e idiossincrasias. Canções como ” Let it Rain” (um dos melhores momentos de todo o concerto), “Let’s Face The Music and Dance”, escrita por Irving Berlin para o filme Follow the Fleet ou ”Temptation”, de Tom Waits foram soando nos ares dos jardins e o concerto foi avançando sem sobressaltos, de forma muito descontraída, por vezes pontuado por destaques surpreendentes por parte dos músicos da banda. A meio, Diana Krall ficou só no palco, e durante vinte minutos, tudo foi apenas voz e piano. A parte mais cozy do concerto serviu, entre canções, para que a ouvíssemos falar dos seus filhos, de músicos de jazz que tanto aprecia, dos discos que ouvia quando era ainda menina e que pertenciam ao seu pai (coisa que ainda faz, quando tem tempo de voltar à sua primeira casa), de vinho, e de amores e paixões, como não poderia deixar de ser.

Foi curto o concerto, com direito a um encore, terminando com uma segunda canção de Tom Waits que Diana Krall escolheu para a noite de Oeiras. Uma hora e vinte minutos depois dos primeiros acordes de piano, a bem antiga “The Heart of Saturday Night” serviu como despedida. Diana agradeceu, os seus músicos também, o público ovacionou, e uma romaria de gente regressou às suas casas com um sorriso de satisfação estampado no rosto. Eu fui apenas mais um, e gostaria que isso transparecesse nas linhas que agora terminam.











(fotos: Duarte Pinto Coelho)

Fuente: altamont.pt


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