lunes, 28 de septiembre de 2015

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    Ray Brown ensinou, a menina Diana Krall aprendeu

25.09.2015


Diana Krall apresentou-se esta noite num Meo Arena completamente cheio, que volta a redefinir os padrões de quem acha que jazz é para outro tipo de sala e ambiente. Completamente recuperada da pneumonia do ano passado que, inclusivamente, levou ao atraso no lançamento do álbum "Wallflower", a multi-galardoada artista canadiana compensou o curto concerto com que nos brindou na edição de 2013 do edpcooljazz para, desta vez, tocar e cantar durante as quase duas horas a que estamos habituados acompanhada, do seu muito versátil e elegante ensemble que aconchegou a sua voz em doces e sofisticados arranjos.

Era sabido que Diana Krall viria a Portugal apresentar o seu mais recente "Wallflower", que recupera algumas baladas pop da sua juventude tornadas famosas no tempo, tanto graças aos seus intérpretes originais, como graças às múltiplas versões feitas no decorrer dos anos. Ainda assim, não faltou 'You Call It Madness (But I Call It Love)', já de 1996, e 'East Of The Sun (And West Of The Moon)'. Ray Brown, um dos mais importantes contrabaixistas de jazz de todos os tempos, foi um dos mestres que fez da artista boa parte daquilo que ela é hoje e partilha connosco.

«Toco tudo o que me vem à mente e sou uma sortuda porque um tema leva a outro e eles acompanham-me sempre mesmo sem saberem a ordem das músicas», diz a artista, de 50 anos, em jeito de elogio aos músicos que, com ela, dividem o palco como se estivessem apenas na sala de estar, a beber um gin, ao fim de mais um dia de emoções que se partilham entre amigos.

'Just Like a Butterfly That's Caught in the Rain', 'Let it Rain' e 'Temptation' encaixam perfeitamente umas nas outras até o espectáculo nos pescar completamente com um magnífico solo de violino, a dada altura dedilhado, sem arco, como se se tratasse de um cavaquinho, que abre as portas para solos de todos os outros músicos. Foi 'Temptation' em extended play.

Timidez ou personalidade forte? Frieza ou reserva? Nunca saberemos. A cantora canadiana mantém o seu muito low profile e poucas intervenções com os seus milhares de fãs, mas quando canta arrasa com aquela voz três "s": sólida, segura e sensual como sempre a conhecemos.

'California Dreamin' mostra-nos um bocadinho da Diana Krall mais pop que vínhamos desejosos de encontrar e pega com 'Wallflower', de Bob Dylan, um dos temas que a cantora já assumiu ter sido dos que mais marcou a sua juventude. Com 15 milhões de álbuns vendidos, Krall é a artista deste género musical que mais discos vendeu até hoje. Em Portugal é sempre recebida com casas cheias, sendo que só lhe faltava mesmo o ambicioso Meo Arena. Para o encore a escolha foi de mestre: 'Boulevard of Broken Dreams', 'I'll Take You Home Tonight', de Paul McCartney, e a fechar o muito aplaudido 'Ophelia'.

O mood de todo o concerto foi bom mas Diana Krall talvez pudesse ter arriscado um bocadinho mais e sair de trás do piano para tirar partido das escolhas de algumas canções que fazem parte do álbum lançado no início deste ano. Ai Diana, Diana... 'I Can't Tell You Why' e 'Don't Dream It's Over' tinham ficado aí tão bem...

Daniela Azevedo

Fotos: Nuno Fontinha




















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